Uncategorized

POESIAS INSPIRADAS EM CLARICE LISPECTOR

Qual é a parte que me sustenta?

Das partes que me compartimentam,

Das peças que me constituem,

De meus defeitos e qualidades,

Trejeitos e identidades,

Sou um tosco resumo.

Sou um rascunho.

Às vezes, apareço.

Às vezes, sumo.

Sou um edifício inteiro,

Construído por delírios;

Um trem fora dos trilhos,

Flor nascida em janeiro,

E, agora, quase murcha,

Sob os pés de cegos andarilhos,

Esquecida num velho canteiro.


Tudo que posso ser

Posso ser leve orvalho

Ou tenebrosa nevasca;

Posso ser semente

Ou ser a própria casca;

Posso ser o pedaço ou a lasca,

Havaí ou Alaska.

Posso ser o novo ou o velho,

O suspense e o mistério,

O suspiro da vida,

O destino, a sorte,

Ou o vento que sopra do norte,

Mas sou a centelha divina

Que transcende a morte.


Você

Em se tratando de você,

Haverá sempre o desejo latente,

O arrepio quente,

O beijo suspenso,

A medida exata do contrassenso.

Em se tratando de você,

Haverá sempre a memória

Das noites estreladas,

Das pernas entrelaçadas.

Haverá sempre a espera

Do que poderia ser

Mas, já era.

Em se tratando de você,

Haverá sempre o dano e o nexo causal

Portanto, não façamos planos,

Deixemos tudo ao acaso,

Nesse encontro casual.

Você também pode gostar...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *